Instrumentos Musicais a serem usados para Kirtan e
Bhajan,
na Adoração no Templo e em Apresentações Públicas na ISKCON
Em
nossa análise das várias instruções de Prabhupada a respeito dos instrumentos
usados durante o kirtan, nós averiguamos que suas instruções cabem em três
categorias:
Ø
Instrumento usado durante kirtans no
templo, para adoração diária nos aratis da deidade, tulasi puja, e guru puja
Ø
Instrumento usado durante kirtans no
templo, em outros momentos que não sejam os aratis diários regulares
Ø Instrumento usado fora do templo, para harinam e
apresentações públicas
A
seguir, mencionaremos várias declarações de Srila Prabhupada em cada categoria
e apresentaremos as conclusões apropriadas.
Instrumento usado
durante Kirtans no templo, para Adoração Diária
em Aratis da Deidade,
Tulasi Puja, e Guru Puja.
Carta
de SP para Hayagriva, 17 Março de 1968:
Sempre que eu vou para a aula, eu me lembro de você, o
quão alegre você estava cantando no templo e soprando o clarim tão belamente.
Sempre que eu vejo o cornetim à toa, por que ninguém sabe tocar este
instrumento específico, eu me lembro de Hayagriva Brahmacari imediatamente.
Carta
para: Aniruddha -- Los Angeles 14 Novembro de 1968:
Do começo ao fim do arati tem sino tocando, címbalos,
mrdanga, gongo, harmônio, etc.
O comitê
considerou as duas citações acima, e outras desta época, uma moldura, mas
descontou suas relevâncias para estabelecer os padrões atuais da ISKCON, uma
vez que Srila Prabhupada, em anos posteriores, deu instruções específicas do
contrário, tais como as seguintes:
Troca
de Cartas, 1975:
Rupanuga Das escreveu em 30 de Janeiro: A pergunta dos
instrumentos apropriados para kirtans no templo, particularmente aratiks, tem
surgido. É verdade que os instrumentos apropriados para aratiks e kirtans no
templo são apenas os kartals e mrdanga? Ou pode-se também usar harmônio, tambura
e pandeiro?
Srila Prabhupada respondeu em 2 de Fevereiro: Sobre instrumentos
para kirtans no templo, kartals e mrdanga são suficientes. Não há necessidade
de outros instrumentos.
Carta
de SP para Bahudak, 11 de Janeiro de 1976:
O harmônio pode ser tocado durante o bhajan, se houver
alguém que saiba tocá-lo melodiosamente. Mas ele não é para kirtan e aratik.
Conversa
em Bombay, 26 de Dezembro de 1976:
Indiano: Ele tem um filho e uma filha. Sua família
está em Bombay. Um filho morreu cedo. E ele tem bom talento para ensinar híndi,
música, e gravação de fitas. Ele faz esse trabalho. E ela sabe cozinhar, muito
boa em culinária.
Prabhupada: Sim, se ela der instruções de culinária.
Indiano: Ela também é bastante perita em culinária. (Híndi)
Ele toca harmônio muito bem.
Indiano (2): Todos os instrumentos musicais.
Prabhupada: Não, nós não queremos introduzir harmônio.
Indiano: Não, Eu sei. Isto é o que ele está ensinando
no momento. Ele está fazendo isto à força.
Prabhupada: O outro instrumento musical*, se ele
tocar, sua atenção será desviada para o instrumento musical, não para o canto.
"Nós temos que ver a melodia, se ela está saindo belamente." Mas isto
não é bom. Nossa concentração deve ser ouvir "Hare Krsna". Isto é... Isto
é bhakti. Caitanya Mahaprabhu, simplesmente este karatala, khol, isto é tudo.
Naquela época... É claro, não havia harmônio, mas muitos instrumentos de corda
estavam lá. Sitar, esaraja, mas estas coisas não eram usadas. Algumas vezes,
nós as usamos para atrair, mas não é necessário. (Híndi)
*O “outro instrumento musical" a que Prabhupada está
se referindo é mais provavelmente o harmônio, já que este era o tópico da
conversa. Ou, do contrário, Prabhupada está se referindo a qualquer instrumento
musical melodioso em geral.
Carta
de SP para Dr. Wolf, 29 Janeiro de 1976:
Na Índia, o sistema é que as pessoas vão ver a Deidade
de Jagannatha. A Deidade não é muito bonita, do ponto de vista artístico, mas
ainda assim as pessoas comparecem aos milhares. Este sentimento é necessário.
Similarmente, com nosso kirtan, nós estamos usando apenas tambores e kartals,
mas as pessoas chegam ao ponto do êxtase. Não é a ornamentação, é o êxtase.
Este êxtase é despertado por sravanam kirtanam pelos devotos.
Srila
Prabhupada Néctar, "Quem está Desafiando Minha Autoridade?":
Palika-devi dasi também recorda que Prabhupada não
gostava de harmônios tocados durante o kirtana. Seu comentário era que isto
iria “arrastar” o kirtana. Prabhupada costumava dizer que seu Guru Maharaja,
Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, batia os karatalas juntos e permitia apenas karatalas
e mrdanga serem tocados para o kirtana.
SS
Bhakti Charu Swami:
Os instrumentos que Srila Prabhupada instruiu para
acompanhar o kirtana foram karatal, mrdanga e jhajas (whompers). Ele não
aprovou o harmônio para kirtana. Para bhajana tudo bem.
Tradução
da canção do Gaura-arati por Srila Bhaktivinoda Thakura:
Búzios, sinos, e karatalas ressoam, e as mrdangas tocam
muito docemente. Esta música de kirtana é supremamente doce e prazerosa de
ouvir.
Entrevista
com Revatinandana dasa, Memórias de Srila Prabhupada DVD. Vol. 1
Ele [Srila Prabhupada] observou que instrumentos
melódicos, incluindo o harmônio, não são destinados para kirtana, e ele
explicou por que. Ele disse que o ouvido automaticamente seguirá as melodias
musicais e então nossa atenção será desviada do mantra.
Assim, o Comitê de Padrões de Kirtan
concluiu que apenas kartals e mrdanga devem ser tocados no templo para a adoração
diária nos aratiks da deidade, tulasi puja, e guru puja. Whompers, gongos, e instrumentos
de metal similares também podem ser tocados, já que eles eram freqüentemente
usados durante aratiks na presença de Prabhupada. Instrumentos melodiosos não
devem ser permitidos por qualquer meio, já que Prabhupada foi muito claro neste
ponto. É permitido, entretanto, tocar harmônio durante o Nrsimha-stuti, já que
isto ocorre depois do arati, quando todos estão sentados.
Instrumento Usado
durante Kirtans no templo em Momentos
Que Não Sejam os Aratiks
Diários Regulares
Esta
categoria inclui:
1. Bhajans
no templo
2. Kirtans
sentado/em pé, incluindo kirtans de 12- e 24-horas
3. Festivais de templo grande para a congregação e
para o público em geral
Carta
de SP para Jadurani, 26 de Maio de 1969:
A respeito de sua pergunta sobre kirtana, praticamente,
não estamos preocupados com os instrumentos. Eles são usados algumas vezes para
tornar mais doce, mas se nós desviarmos nossa atenção para usar mais os
instrumentos, isto não é bom. Nós podemos aceitar tudo para o serviço de
Krishna, mas não tomando o risco de desviar a atenção para alguma outra coisa que
impedirá nossa consciência de Krishna. Esse deve ser nosso mote, nosso
princípio.
Debate
entre Srila Prabhupada e Shyamasundara dasa sobre Charles Darwin, não datado:
Você também pode cantar muito bem, também cantar,
canções como, com tambura. Isto é muito bom. (canto:) Cintamani-prakara-sadmasu
kalpa, deste modo, isto é muito bom.
Em cada templo deve haver, um homem deve tocar tambura
e cantar. Isto requer boa pronúncia e com o som da tambura isto será (indistinto).
Conversa
de quarto em Londres, 15 de Agosto de 1971:
Prabhupada: Guitarra elétrica, se é isto, eles cantam Hare
Krsna apenas, nada mais, então está tudo bem. Mas, tanto quanto possível,
simplesmente mrdanga e kartal. Mas se o GBC pensa que isto atrai mais pessoas,
então eles dão contribuição, isto é uma coisa diferente. De outro modo, não há
necessidade.
Carta
de SP para Bahudak, 10 de Novembro de 75:
A respeito dos instrumentos, instrumentos de cordas
são Védicos, mas os reais instrumentos Védicos são mrdanga e karatala. De
qualquer modo, você deve agir de acordo com tempo e circunstâncias, se você
usar estes outros instrumentos. Então, você tem minha aprovação e você pode
prosseguir.
Do Radha
Damodara Vilasa, de Vaiyasaki
Das, Junho de 1970:
Los Angeles é um centro de atividade hoje em dia, já
que muitos presidentes de templos chegam de toda parte do movimento. Kirtanananda
Swami veio de New Vrindavana e também mostra sua perícia ao tocar o órgão antes
da aula da Quarta-feira à noite no santuário. Prabhupada está satisfeito em ver
os devotos reunindo suas propensões no serviço à Krsna, e quer ter mais
programas com acompanhamento de órgão.
Hari
Sauri Das:
O kirtan 24hr de Vrndavana foi freqüentemente um
bhajan em estilo sentado, embora apenas o maha-mantra fosse cantado. Quando eu
era encarregado disto, em 1975, os devotos que sabiam como tocar o harmônio o
faziam. Saccidananda das, um brahmacari bengali, com uma voz muito doce, sempre
tocava o harmônio, e ele era especificamente requisitado por Srila Prabhupada
para participar do kirtan 24hr. toda tarde.
Por que Srila Prabhupada deu instruções
específicas sobre não usar harmônio e outros instrumentos musicais durante os aratis,
como citado na primeira seção desta proposta, o KSC concluiu que as permissões
e recomendações de Prabhupada nesta presente seção, se referem a instrumentos para
kirtans e bhajans no templo em momentos quando os aratis não estão sendo
executados. Assim, nestes outros momentos, harmônio e tambura podem ser
acrescentados juntos com mrdanga e kartals. E, embora Prabhupada tenha
privilegiado estes quatro instrumentos anteriormente mencionados sobre outros, certas
vezes ele também deu permissão para que fosse usado instrumentos musicais
não-tradicionais adicionais, para atrair o público. Pelo fato de programas para
o público não ocorrerem apenas fora do templo, mas também dentro deste, o uso
destes instrumentos não-tradicionais adicionais também podem ser aceitos dentro
do templo. Em acréscimo, sob o guarda-chuva de nosso “público”, estamos
incluindo o fenômeno, não existente durante a época de Prabhupada, de uma
grande e diversa congregação de devotos e amigos de todas as idades, abrangendo
várias gerações e abarcando uma vasta variação de comprometimento. É importante
notar, nas citações acima, que Prabhupada foi extremamente conservador e preventivo
a respeito de acrescentar instrumentos adicionais aos quatro que ele
especificamente defendeu. Se eles forem ser usados, portanto, o presidente do templo
e as autoridades locais devem assegurar que:
1.
Os instrumentos adicionais não se tornem o som
dominante no bhajan/kirtan, mas o apóiem, nunca estando mais alto, mais
perceptível, ou mais proeminente do que os básicos e tradicionais, ou do que o
canto dos santos nomes.
2.
O músico não toca um solo sem nenhum canto, ou se o
faz, este é apenas de uma curta extensão.
3.
Se o músico está tocando um instrumento de sopro, é
melhor que ele ou ela não o toque continuamente, mas que, preferivelmente,
alterne o tocar e o cantar, para que se receba o devido benefício do santo nome
e não se super enfatize o som do instrumento.
Instrumento Usado
Fora do Templo Para Harinam e Apresentações Públicas
Nota: Em acréscimo às citações que seguem, todas as
citações na seção prévia são também relevantes para esta seção.
Carta
de SP para Hamsaduta, 22 de Janeiro de 1968:
Outra proposta é que eu quero formar um grupo de sankirtana
no qual dois membros tocarão mrdanga, oito tocarão os címbalos, dois tocarão na
tambura e um no harmônio. Além disto, haverá o líder do grupo. Este grupo será
tão treinado que as exibições de nosso canto e dança, juntamente com
distribuição de prasadam, será executado num palco e para esta performance nós
venderemos bilhetes para o público. Isto será conhecido como um movimento
espiritual.
Conversa
de quarto, Mayapur, 24 de Fevereiro de 1974:
Pancadravida: Usamos uma banda marcial no Ratha-yäträ?
Se usássemos uma banda marcial, muitas pessoas viriam, como uma parada, como
eles usam nas paradas, com trompetes e tambores e todas estas coisas.
Prabhupada: Eu acho que você pode introduzir na África
também. (risada)
Brahmananda: Nós queremos introduzir em Mombasa. Nós
já tínhamos discutido isto.
Carta
de SP para Harikesa, Vrndavan, 28 de Outubro de 1976
O canto é muito efetivo. Juntamente com tampura e
mrdanga tocados muito ritmicamente, deixe-os cantar. Execute esta demonstração
musical e venda livros tanto quanto possível e faça banquetes.
Bhakti
Vikasa Swami, "Kirtana":
No começo da ISKCON, Srila Prabhupada permitiu todos
os tipos de instrumentos no kirtana. No primeiro templo no número 26 da 2° Avenida,
os convidados ainda tocaram nas entranhas de um velho piano vertical. Não havia
mrdanga, então Srila Prabhupada tocou um tambor bongô.... No templo de Honolulu,
Srila Prabhupada também participou de kirtanas onde os devotos tocaram
guitarras elétricas e guitarras baixo. Mesmo mais tarde, Srila Prabhupada
permitiu o uso de tambura e outros instrumentos – não nos kirtanas regulares do
templo, mas em programas de pregação, festivais, etc., como uma atração para o
público.
Kurma
das, "A Grande Aventura Transcendental" – 29 de Junho de 1974:
De repente, os agitados sons de gaitas de foles
inundaram o ar. Ao conselho de Prabhupada, Madhudvisa tinha contratado uma
banda marcial escocesa para liderar a parada. A Mitcham Bagpipe Band, completamente
enfeitada com suas gaitas, quepes de lã barrete, saiotes completos, bolsa de
couro e longas meias apareceram ao longo da rua, tocando uma melodia popular de
Hare Krishna do jornal de música. "Banda escocesa, Prabhupada",
Madhudvisa anunciou. Srila Prabhupäda acenou com a cabeça, mostrando sua
aprovação com um largo sorriso.
Nota: Esta banda de gaitas de fole não estava tocando
juntamente com o kirtana regular dos devotos.
Dravinaksa
Dasa, Memórias de Srila Prabhupada, DVD #47:
Outra vez, naquele mesmo quarto, houve um debate sobre
kirtan, os kirtans do Radha Damodar que estávamos tendo no campus ou na rua
onde nós montávamos. Prabhupada estava dizendo que nós deveríamos usar apenas khol
e karatals. Naquela época nós tínhamos muitos instrumentos. Tínhamos harmônio, nós
tinhamos esraj – que é como um violino – tínhamos ektara e tínhamos um
instrumento que tinha cordas e você o toca com pequenos martelos. Então, havia
um debate onde Prabhupada estava dizendo para usar apenas khols e karatals. E
Adi-kesava disse que as pessoas eram atraídas ao grupo por causa dos instrumentos,
e Prabhupada não parecia tomar isto muito seriamente. E então Adi-kesava disse,
"Mas Visnujana disse..." e Prabhupada o interrompeu e disse, "Quem
é Visnujana? Eu sou seu mestre espiritual." E também naquele encontro Prabhupada
disse que não deveria haver nenhum harmônio durante os aratis. E anteriormente,
você ouvia muitas fitas de Bharadvaj e outros tocando harmônio. Então, isto foi
interrompido durante os aratis. E não parecia que Prabhupada apenas queria
alguns músicos peritos. Ele queria devotos. Assim, isto foi interrompido, e naquele
momento o grupo Radha Damodar simplesmente voltou para a mrdanga e karatals nos
kirtans públicos, por um tempo, e, finalmente, tivemos alguns instrumentos aqui
e alí, eu ouvi dizer com a permissão de Prabhupada; eu não sei ao certo.
Bhurijana
dasa, "Meu Glorioso Mestre":
Bhurijana: "Prabhupada, nós temos tido kirtanas
usando violões. Isto está certo?"
Prabhupada: "Kirtana significa khol (mrdanga) e
karatala. Isto é tudo."
Bhurijana: "Mas é tão difícil pregar em Hong
Kong. E o povo chinês gosta mais dos kirtanas quando eles são suaves e com
violões. Eles não gostam de kirtanas altos com muitos instrumentos."
Prabhupada consentiu à minha tentativa e nos deu
permissão para usar violões também em nossos kirtanas, juntamente com os
padrões khol e karatala. Nosso mestre spiritual pode algumas vezes concordar
com nossas solicitações por que as apresentamos impetuosamente, mas isto não
significa, necessariamente, que é o desejo de Krishna. Devemos ser cuidadosos
para que nossa visão entusiástica não cubra nossa habilidade de reconhecer os
desejos reais de nosso guru.
O Comitê de Padrões de Kirtan concluiu
que Srila Prabhupada deu as mesmas instruções básicas para kirtans fora do
templo, como ele fez para os kirtans e bhajans que não sejam do arati do templo.
Assim, para atrair o público, harmônio, tambura e mais outros instrumentos não
tradicionais, podem ser acrescentados. E, como foi mencionado na seção anterior,
pelo fato de Prabhupada ter sido extremamente conservador e preventivo, a
respeito de acrescentar instrumentos adicionais àqueles que ele especificamente
defendeu (mrdanga, kartals, harmônio, tambura), se tais instrumentos forem
usados fora do templo, deve-se, mais uma vez, ficar entendido que o presidente
do templo e as autoridades locais devem assegurar que:
1. Os instrumentos adicionais não se tornem o som
dominante no bhajan/kirtan, mas devem apoiá-lo, nunca estando mais alto, mais
perceptível ou mais proeminente do que os básicos e tradicionais, ou do que o
canto do santo nome.
2. O músico não toca um solo sem nenhum canto, ou se o
faz, este é apenas de uma curta extensão.
3. Se o
músico está tocando um instrumento de sopro, é melhor que ele ou ela não o
toque continuamente, mas que, preferivelmente, alterne o tocar e o cantar, para
que se receba o devido benefício do santo nome e não se super enfatize o som do
instrumento.