Conclusão e Sumário do Ensaio “O GBC da
ISKCON”
Por Hridayananda das Goswami
23
de julho de 2016
Conclusão (Páginas 63-65)
Sumário de O GBC da ISKCON
Eu comecei este
ensaio explicando que embora o GBC seja a autoridade máxima de administração na
ISKCON, tem havido momentos cruciais na história da ISKCON em que devotos
não-GBC mostraram o ímpeto e lógica para que uma ação urgente fosse tomada pelo
GBC.
Além disto,
Prabhupada queria todos nós trabalhando juntos, como ele deixou claro quando
convocou pela primeira vez o encontro anual do GBC em Mayapura.
Usando a palavra
político em seu sentido neutro para
indicar o exercício de autoridade em uma sociedade, eu descrevi o efeito pendulum político, pelo qual um extremo administrativo, seja este, anarquia
ou tirania, produz seu extremo oposto. Isto deveria nos alertar para evitar
extremos administrativos na ISKCON.
Eu mostrei como
Prabhupada queria que nos engajássemos em todos os campos de conhecimento
avançado, incluindo ciência sociais, no serviço ao Senhor e neste espírito, eu
engajo o conhecimento acadêmico em minha tentativa de analisar a governança da
ISKCON.
Eu comecei com a
sociologia da religião padrão, que fala das três formas de autoridade em
movimento religioso: carismática, tradicional e racional-legal.
Vimos que para
sobreviver e florescer, um movimento religioso deve canalizar o poder e
autoridade espiritual de seu fundador carismático em tradições institucionais
sustentáveis e leis racionais. De fato, a Gauḍīya Maṭha se desintegrou porque falhou
em executar este processo.
Eu então analisei
uma autodescrição do GBC do sítio virtual oficial do GBC e concluí que pelo
menos nesta declaração, o GBC concluiu erroneamente que em seu testamento,
Prabhupada tinha apontado-os o ācārya sucessor, e herdeiro, da ISKCON.
Eu argumentei que, de fato, Prabhupada fez
exatamente o que ele disse que estava fazendo: nomeando o GBC como a autoridade
administrativa máxima da ISKCON, não como um Ācārya sucessor que fica acima da
lei da ISKCON. O GBC falhou em apresentar evidência histórica para o argumento
deles de que Prabhupada implicitamente nomeou como seu herdeiro pleno e
sucessor, simplesmente nomeando-os na primeira cláusula de seu testamento.
Eu então discuti os perigos para a ISKCON
desta auto-compreensão errônea, na qual almas imperfeitas clamam a autoridade
de uma alma perfeita. Almas imperfeitas sofrem de perda de empatia na proporção
de seu aumento de poder. Também, o GBC é uma oligarquia e a lei de ferro da
oligarquia explica a tendência de regrar grupos para aumentar o poder delas às
custas dos cidadãos; e a tendência do poder de cair em cada vez menos mãos.
A tendência dos GBCs santificados de evitar
administração pesada contribui para este problema.
Nós então vimos que a história está repleta
de casos de tiranos austeros e pios que agiram cruelmente. O GBC não é cruel,
mas, seus membros que não são totalmente puros serão afetados até certo ponto
pelas tendências humanas em geral.
Talvez, a mais significante manifestação
deste erro é a tendência do GBC de atuar acima e fora das regras de justiça,
tais como o processo justo. Eu argumentei que ao obedecer a leis razoáveis, o
GBC segue Prabhupada. Agir fora destas leis é imitar Prabhupada.
Eu então discuti noções ocidentais e védicas
de justiça e mostrei que ambas as tradições ligam justiça à igualdade das
almas, e a necessidade de governar de um modo que maximize a liberdade humana.
O Próprio Kṛṣṇa ensina
a justiça e a igualdade no Bhagavad-gītā.
Eu expliquei que
Kṛṣṇa também ensina a hierarquia em termos do sistema varṇāśrama que Ele criou, e que uma sociedade virtuosa
deve equilibrar a igualdade espiritual de todas as almas com a necessidade de
uma hierarquia funcional. Esta preocupação encontra eco próximo na filosofia
ocidental, como nas ideias de Mill e Durkheim.
Eu então
examinei as categorias de justiça e a importância especial do processo justo.
Um estudo da lei
GBC/ISKCON mostrou que a linguagem mesmo da justiça – palavras como igualdade, justiça, processo justo, direitos etc. –
está faltando na lei da ISKCON. Também o GBC permitiu que o Ministério da
Justiça fosse extinguido até a total disfunção e não tomou a iniciativa de
reaviva-lo ou substituí-lo.
Eu então mostrei
que a restrição e a punição na lei do GBC são mais pesadas naqueles com pouco
ou nenhum poder, e mais leves naqueles com poder máximo. Isto tem implicações e
perigos óbvios.
Dei especial
atenção às dramáticas disparidades nas regras, restrições e punições dadas aos
dois grupos mais poderosos na ISKCON: GBC e Gurus.
Um exame do
processo de apelação na lei do GBC mostrou este ser seriamente deficiente.
Isto importa,
uma vez que o direito de apelar é um pilar da justiça.
Eu em seguida
examinei a importância do artigo do GBC intitulado Entendendo as Linhas de
Autoridade na ISKCON. O ensaio intenta definir e clarificar o relacionamento
entre os administradores da ISKCON, tais como os GBCs e os Presidentes de
Templos, e os Gurus e Sannyāsīs da ISKCON.
Eu apreciei a
intenção do artigo, de persuadir os devotos de que o GBC é razoável e
justificado em suas políticas. Entretanto, eu apontei uma variedade de
problemas sérios no ELAI [em inglês UILA], tais como a tendência a exagerar o
poder do GBC e minimizar o papel de outras autoridades da ISKCON. Vimos isso na
virtual exclusão do ELAI dos gurus e sannyāsīs do planejamento da estratégia de
pregação.
O ELAI também
tende a subordinar fortemente todos os devotos aos administradores máximos da
ISKCON. Prabhupada enfatizou a cooperação. O GBC enfatiza subordinação.
Prabhupada também enfatizou a importância da liberdade e dignidade individuais
entre os servos do Senhor. Há pouca de tal linguagem no ELAI.
O ELAI cita
Prabhupada dizendo que o GBC será o professor primeiro da ISKCON quando ele se
for. E então sugeri que o GBC deve fazer, e não faz, para cumprir este mandato.
Por exemplo, os GBCs não devem usar o poder político para excluir ideias que
eles não podem refutar objetivamente, nem impor ideias que eles não podem
razoavelmente mostrar serem exclusivamente válidas. Isto tem sido um problema
na ISKCON.
Uma vez que
Prabhupada urgiu que o GBC escrevesse uma constituição, eu em seguida examinei
o último esboço de constituição. Eu mostrei que este esboço é bem-intencionado
e sábio em alguns pontos, mas, que ele em última instância falha em inspirar,
mandatar, ou explicar a justiça na ISKCON. Assim, ele não cumpre seu propósito
declarado – proteger nossos direitos, e estabelecer uma fundação constitucional
para uma ISKCON racional e justa.
Finalmente, eu
mostrei que o ISKCON Resolve, um programa efetivo de mediação, e, o mais
recente Escritório de Resolução de Disputa da ISKCON, não podem, por suas
próprias licenças e regras, assegurar justiça aos devotos da ISKCON.
Por Que Justiça?
Sem justiça
nenhuma autoridade administrativa regrará dentro de uma cultura de impunidade,
na qual mediocridade, tirania e injustiça passam despercebidas.
Quanto mais os
devotos estão convencidos de que o GBC governa com justiça, compaixão e
ingenuidade estratégica, mais os devotos agora estranhos às burocracias e
hierarquias da ISKCON se considerarão mais diretamente envolvidos na missão da
ISKCON. Apenas assim, pode o GBC cumprir a obrigação deles à Prabhupada – unir
a ISKCON e difundir dinamicamente seu movimento.
Existe entre os
devotos GBC e não-GBC um relacionamento de obrigação mútua, dever mútuo. O GBC
recebe sua autoridade de Kṛṣṇa através de Prabhupada. Esta autoridade requer
que eles tratem os devotos com respeito e equidade.
É dever do GBC
fazer o que é certo, justo e benéfico para a ISKCON. E eles devem persuadir os
devotos de que eles estão fazendo isto.
Hierarquia e
igualdade devem ser mantidas em equilíbrio. O GBC não deve superenfatizar a
hierarquia de forma que esta obscureça nossa igualdade última. Nem podemos
superenfatizar a igualdade de forma que ela obscureça as hierarquias legítimas.
Igualdade extrema e hierarquia extrema, ambas ameaçam a visão equilibrada de
Prabhupada para a ISKCON. Devemos evitar o efeito do pendulum político.
Enfim, a ISKCON
precisa de um GBC forte, sábio e inspirador se for para florescermos como uma
sociedade e cumprir as esperanças e profecias brilhantes e ambiciosas de nosso
Fundador-Ācārya.
Escrevi este
artigo como uma tentativa sincera de me dirigir às reformas necessárias na governança
da ISKCON. Espero que o GBC e outros devotos da ISKCON o aceitem neste
espírito. Para todos aqueles que lerem estas palavras, que possamos juntos
cumprir a visão de Prabhupada para seu movimento, a ISKCON. O mundo depende de
nós.
A tradução integral gratuita do ensaio para o português
encontra-se aqui pela Coletivo
Editorial/Sankirtana Books
Licença da tradução Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilha Igual 4.0
Internacional.
Tradução
por David Britto, em 21 de julho de 2017.
Convido
os leitores a, por favor, me avisarem de possíveis erros de tradução, gramática
e digitação.
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